Não adianta. Mudam-se as cores
do inverno, os sorrisos, as páginas das revistas, as dez mais bonitas. Mudam-se
as tecnologias, as manchetes, o preço do pão, o jeito como você corta o cabelo.
Mudam-se os sonhos, o clima lá fora, o tom do batom, a decoração, o que você
espera de si mesma. Tudo muda o tempo todo. Mas uma coisa não muda. Não sai de
moda. Não fica velho, nem ultrapassado. Quer saber? Acho amar a coisa mais
eterna que existe. Não há nada mais moderno. Mais transgressor. Mais ousado – e
mais antigo - que isso. Num tempo onde as pessoas mal têm tempo, amar virou
coisa de gente corajosa. Porque é preciso muito peito (e muito jogo de cintura)
para seguir o que temos de mais criativo: o coração. É o amor que nos faz ver o
mundo de um jeito mais belo. E é o amor (e só ele!) que nos traz o valor exato
das coisas simples. E você não precisa necessariamente amar uma pessoa. O amor é
democrático. Você pode – e deve – amar a si mesmo e ao mesmo tempo amar alguém
(essa, sim, é a melhor combinação!). E também amar a vida. Amar um projeto. Um
trabalho. Um sonho. Ou – porque não? – simplesmente amar o amor. Se todo amor
vale a pena? Eu acredito que sim. O mundo não está triste só por causa das
guerras, do superaquecimento global e do tal “salve-se quem puder” As pessoas se
escondem atrás das tecnologias e de um falso liberalismo pra camuflar seus
medos. Para enganar seus desejos. Ah, me desculpem, mas no fundo todo mundo quer
mais é se apaixonar! Mentira minha? Duvido. Todo mundo quer amar, todo mundo
quer encontrar alguém especial, todo mundo quer se livrar do medo que nos impede
de andar de mãos dadas. É certo que há quem prefira o morno, os relacionamentos
superficiais, as noites vazias. (Relacionamentos trazem tantos problemas e
alegrias quanto estar só, isso é uma verdade). Mas tenho a impressão de que
todos nós temos um leve romantismo escondido, um desejo real pelo amor, uma
necessidade de amar e ser amado sem a qual a vida não teria graça. (E não
haveria tantos poetas, tantas canções bonitas e tanta insônia por aí). Escrevi,
uma vez, uma letra onde canta a seguinte frase: “Será que amar é mesmo tudo”? Na
época eu não saberia responder. Mas, hoje, cheguei a uma breve conclusão: não,
amar não é tudo. É quase tudo. Amar é o começo. O primeiro parágrafo. A primeira
nota. É o que canta (e encanta). Amar é que nos faz falar. É o que nos faz
acordar. É o que nos faz dizer “Bom dia” com o sorriso mais livre do mundo. Se
eu estou amando? É, devo admitir. Depois de vários romances sem fim, me
apaixonei por mim mesma. E, como presente, ganhei um novo amor que é fruto de
todos os grandes amores que tive. Sorte minha? Talvez. Mas amor não é apenas
sorte. Não pensem também que amor é a solução pra todos os nossos problemas.
Não. Amor não é solução. Amor é prêmio. Recompensa feliz para quem – afinal de
contas – conseguiu manter-se fiel a si mesmo. Por isso, escrevo esse texto. Em
uma época em que os desejos duram o tempo de uma estação, acho o AMOR o
exercício mais radical que podemos fazer.
(e o coração agradece!)
Texto - Fernanda Mello
Fotos: Denise Ramone
♥
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casal perfeitooo..lindos demais